Como posso prevenir um processo de Luto Complicado?

Como posso prevenir um processo de Luto Complicado?

Algumas estratégias podem ajudar a pessoa que se encontra em luto (Ordem dos Psicólogos Portugueses, n.d.; Serviço Nacional de Saúde, n.d.):

  • Respeitar e aceitar os seus sentimentos: o luto é um processo que desencadeia emoções fortes e intensas, que podem ser dolorosas, mas são necessárias;
  • Falar sobre a perda com entes queridos;
  • Expressar as suas emoções com outras pessoas ou escrevendo;
  • Respeitar as suas horas de descanso e sono;
  • Manter uma alimentação saudável;
  • Fazer algum exercício físico;
  • Voltar gradualmente às suas rotinas diárias habituais;
  • Realizar atividades prazerosas;
  • Evitar beber álcool e consumir drogas;
  • Criar um ritual de homenagem e de despedida, por exemplo, acender uma vela, escrever uma carta, entre outros;
  • Peça ajuda de um profissional de saúde mental. Se a dor se tornar demasiado intensa para lidar com ela sozinho/a, um Psicólogo ou um Psiquiatra podem ajudá-lo/a a sentir-se melhor.

Fontes:

Ordem dos Psicólogos Portugueses. (n.d.). Fact sheet: Luto. https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/factsheet_luto.pdf

Serviço Nacional de Saúde. (n.d.). Luto. https://saudemental.min-saude.pt/luto/

Ana Sofia Santos

#luto #saúdemental

Quais as manifestações de um Luto Complicado?

Quais as manifestações de um Luto Complicado?

Algumas manifestações podem ser sinais de alerta para um possível caso de luto complicado, principalmente após 12 meses desde a perda (American Psychiatric Association, 2013; Gabriel et al., 2021):

  • Manifestações de tristeza e de saudade persistentes;
  • Preocupação com a pessoa perdida e, em caso de morte, com as circunstâncias desta;
  • Dificuldade em aceitar a perda;
  • Incapacidade de chorar com sensação de anestesia emocional;
  • Amargura, ressentimento ou raiva relativamente à perda;
  • Evitamento de memórias relacionadas com a pessoa perdida;
  • Guardar os pertences da pessoa perdida de forma rígida ou, pelo contrário, desfazer-se de tudo;
  • Comportamentos autodestrutivos como comportamentos autolesivos, álcool ou drogas;
  • Desejo de morrer para conseguir estar com a pessoa falecida;
  • Sentir-se sem esperança, que a vida não tem sentido, que não consegue funcionar nem continuar a sua vida sem a pessoa perdida;
  • Negação dos aspetos difíceis da pessoa ou da relação, havendo uma idealização de perfeição;
  • Culpa e autorresponsabilização acerca da causa da morte ou falhas que considera terem contribuído para a perda da pessoa querida;
  • Dificuldade em investir nos seus projetos de vida e interesses pessoais;
  • Desconfiança e negação de apoio de outras pessoas, justificadas por “autossuficiência”;
  • Memórias focadas estritamente no processo de doença ou morte, sem conseguir evocar memórias de momentos relacionais prévios à perda;
  • Dificuldade em percecionar a irreversibilidade da perda, com expectativas frequentes de reencontro.

Fontes:

American Psychiatric Association. (2013). Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais (5ª ed.). Climepsi.

Gabriel, S., Paulino, M., & Baptista, T. M. (2021). Luto: Manual de Intervenção Psicológica. Pactor.

Ana Sofia Santos

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E quando o luto se torna complicado?

E quando o luto se torna complicado?

O luto também pode tornar-se patológico, tomando o nome de Luto Complicado. Tal acontece quando a pessoa, com o passar do tempo, continua com dificuldades em aceitar a perda e isso começa a interferir no seu funcionamento global (Carqueja, 2017).

Os fatores que nos permitem de certa forma distinguir um processo de luto normal de um processo de luto patológico ou não normativo são a intensidade e a duração dos sentimentos e comportamentos ou a incapacidade de demonstrar qualquer reação relacionada com o luto, considerando outros determinantes sociais e pessoais, como por exemplo, a cultura (ou seja, as práticas de luto características da respetiva cultura) e a personalidade da pessoa (se exprime mais as suas emoções ou se, pelo contrário, as contém) (Barreto & Soler, 2007; Carqueja, 2017). Nestes casos, o luto pode ser (Gabriel et al., 2021):

  • Luto crónico: a pessoa não consegue integrar a perda e o processo de luto mantém-se estático no tempo;
  • Luto inibido: a pessoa suprime as manifestações de luto, simplesmente não realizando o processo de luto; nestes casos, normalmente, a pessoa manifesta pensamentos intrusivos, sintomatologia física, tensão emocional e física e evita falar da pessoa ou da perda;
  • Luto traumático: resultante de perdas súbitas, violentas, inesperadas, “contranatura”, entre outras, como são o caso de perder alguém, por exemplo, por homicídio, suicídio ou perder um filho.

Fontes:

Barreto, P., & Soler, C. (2007). Muerte y duelo. Síntesis.

Carqueja, E. (2017). Luto: Um processo dinâmico. In H. Salazar (Coord.), Intervenção Psicológica em Cuidados Paliativos (pp. 57-88). Pactor.

Gabriel, S., Paulino, M., & Baptista, T. M. (2021). Luto: Manual de Intervenção Psicológica. Pactor.

Ana Sofia Santos

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