Ansiedade de Separação em Crianças e Adolescentes
A Ansiedade de Separação é um tipo de ansiedade comum na infância, uma vez que faz parte do desenvolvimento da criança o medo da separação das figuras cuidadoras e de estranhos. Tal ansiedade é muito comum em bebés por volta dos 12 meses que costumam apresentar medo perante pessoas estranhas.
No entanto, a Ansiedade de Separação pode também constituir uma perturbação de ansiedade, que se caracteriza por medo e ansiedade excessivos relativamente à separação daqueles a quem está vinculado, quando inadequado para o nível de desenvolvimento do individuo. O início desta perturbação pode ser precoce na idade pré-escolar; no entanto, pode ocorrer em qualquer altura da infância e, em casos mais raros, na adolescência. Normalmente, pode se apresentar como um problema clinicamente significativo na transição para a escola, em que a criança mostra relutância ou evita por completo ir para a escola de forma a evitar a separação.
As crianças ou adolescentes com Perturbação de Ansiedade de Separação podem apresentar sintomas como:
- Mal-estar excessivo e persistente que ocorre ou é antecipado pela separação das principais figuras de vinculação ou da casa.
- Preocupação excessiva e recorrente pela perda dos cuidadores ou por possíveis eventos negativos que possam acontecer a essas pessoas (e.g., doenças, lesões, acidentes, morte).
- Preocupação excessiva e recorrente relativamente à possibilidade de que um acontecimento adverso leve à separação relativamente à figura de vinculação (e.g., perder-se, ter um acidente, ser raptado, etc.).
- Relutância ou recusa em sair de casa para a escola ou para outro local por medo da separação.
- Relutância ou recusa em dormir fora de casa ou em adormecer sem a presença da(s) figura(s) de vinculação.
- Pesadelos recorrentes que envolvem conteúdos de separação.
- Queixas recorrentes de sintomas físicos, tais como dores de barriga, vómitos, dores de cabeça, quando ocorre ou se antecipa a separação.
Tanto o medo, a ansiedade ou o evitamento são persistentes, durando pelo menos 4 semanas nas crianças e adolescentes.
Assim, as crianças com esta perturbação, quando separadas das figuras de vinculação, podem apresentar tristeza, apatia, isolamento social e/ou dificuldades em concentrar-se nas tarefas, sejam de trabalhos ou de brincadeiras. Além disso, quando muito perturbadas relativamente à separação, as crianças podem apresentar zanga ou ser agressivas para aqueles que causam/forçam a separação. Crianças com Perturbação de Ansiedade de Separação podem ser descritas como exigentes, intrusivas, com uma necessidade de atenção permanente.
Intervenção
Crianças e Adolescentes com Perturbação de Ansiedade de Separação beneficiam de intervenção psicológica e/ou psiquiátrica que inclui:
- Treino em técnicas de relaxamento;
- Reforço da coragem e autoestima da criança;
- Gestão da sintomatologia: tolerância à ansiedade e desconforto;
- Reforço sistemático das separações: sistema de recompensas;
- Intervenção junto das figuras de vinculação para gerir as situações de despedida e os protestos;
- Envolvimento da escola na intervenção com a receção da criança à entrada por outro adulto da escola que transmita segurança e confiança ou pelos colegas.
Em alguns casos, a criança ou adolescente também pode beneficiar de medicação que diminua a ansiedade.
Fontes:
American Psychiatric Association. (2013). DSM-5: Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais (5ª ed.). Climepsi.
Carr, A. (2014). Manual de psicologia clínica da criança e do adolescente: Uma abordagem contextual (1ª ed.). Psiquilibrios Edições.
Elia, J. (2021). Transtornos de ansiedade da separação. https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/transtornos-mentais-em-crian%C3%A7as-e-adolescentes/transtornos-de-ansiedade-da-separa%C3%A7%C3%A3o
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Ana Sofia Santos