Fobias Específicas em Crianças e Adolescentes
O diagnóstico de fobias específicas em crianças tem uma particularidade, porque os medos são muito comuns nas crianças, fazendo parte do seu desenvolvimento e, por isso, na maioria das vezes são transitórios e apenas ligeiramente incapacitantes. Assim, o diagnóstico numa criança deve ter em conta a avaliação do grau de incapacidade, da duração do medo, ansiedade ou evitamento e da fase de desenvolvimento da criança para perceber se é algo típico dessa fase ou não.
A Fobia Específica enquanto Perturbação de Ansiedade, normalmente, desenvolve-se durante o início da infância, maioritariamente antes dos 10 anos. A idade média de início é entre os 7 e os 11 anos. Normalmente, as fobias que aparecem na infância são mais dos tipos ambiente natural, animais, ou sangue-injeções-ferimentos e as fobias situacionais ocorrem numa idade mais tardia.
A Fobia Especifica constitui-se como uma Perturbação de Ansiedade quando:
- Existe medo ou ansiedade marcados relativamente a um objeto ou situação específicos (e.g., animais, sangue, injeção). Tal medo ou ansiedade em crianças pode ser manifestado por choro, imobilidade ou birras.
- Há medo ou ansiedade quase sempre imediatos perante o objeto ou a situação fóbicos.
- O medo e a ansiedade sentidos são desproporcionais ao perigo real que o objeto ou a situação específicos colocam.
- O medo, ansiedade ou evitamento são persistentes, durando 6 meses ou mais.
- O medo, ansiedade ou evitamento causam mal-estar significativo e interferem nos funcionamentos social, escolar, ocupacional ou noutras áreas importantes.
Intervenção
Crianças e Adolescentes com Fobias Especificas beneficiam de intervenção psicológica e/ou psiquiátrica que inclui:
- Explicação sobre as componentes da ansiedade: cognitiva (pensamentos), emocional (emoções), somática (sensações físicas) e comportamental (ações);
- Explicação sobre a autoperpetuação dos medos: os medos continuarão a existir à medida que a criança/adolescente, quando exposta ao objeto ou situação fóbicos, se retira ou o/a evita sem que a ansiedade atinja o seu pico e comece a diminuir.
- Explicação da necessidade de habituação ao desconforto: para permitir que o objeto ou situação fobicos deixem de causar tanto medo e ansiedade, é necessário que a criança ou adolescente compreenda que tem de se expor ao/à mesmo/a para que ocorra o fenómeno de habituação e para que esse medo desapareça.
- Gestão da sintomatologia: tolerância à ansiedade e desconforto; estratégias de coping e de relaxamento para gerir a ansiedade nas situações fóbicas;
- Exposição gradual ao objeto ou situação fóbicos;
- Intervenção junto das figuras de vinculação para que supervisionem a criança ou adolescente durante a realização das tarefas fora das consultas.
Em alguns casos, a criança ou adolescente também pode beneficiar de medicação que diminua a ansiedade.
Fontes:
American Psychiatric Association. (2013). DSM-5: Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais (5ª ed.). Climepsi.
Carr, A. (2014). Manual de psicologia clínica da criança e do adolescente: Uma abordagem contextual (1ª ed.). Psiquilibrios Edições.
Waite, J., Crawford, H., & Royston, R. (2015). Anxiety: A guide for parents. Cerebra.
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Ana Sofia Santos