Como posso prevenir um processo de Luto Complicado?

Como posso prevenir um processo de Luto Complicado?

Algumas estratégias podem ajudar a pessoa que se encontra em luto (Ordem dos Psicólogos Portugueses, n.d.; Serviço Nacional de Saúde, n.d.):

  • Respeitar e aceitar os seus sentimentos: o luto é um processo que desencadeia emoções fortes e intensas, que podem ser dolorosas, mas são necessárias;
  • Falar sobre a perda com entes queridos;
  • Expressar as suas emoções com outras pessoas ou escrevendo;
  • Respeitar as suas horas de descanso e sono;
  • Manter uma alimentação saudável;
  • Fazer algum exercício físico;
  • Voltar gradualmente às suas rotinas diárias habituais;
  • Realizar atividades prazerosas;
  • Evitar beber álcool e consumir drogas;
  • Criar um ritual de homenagem e de despedida, por exemplo, acender uma vela, escrever uma carta, entre outros;
  • Peça ajuda de um profissional de saúde mental. Se a dor se tornar demasiado intensa para lidar com ela sozinho/a, um Psicólogo ou um Psiquiatra podem ajudá-lo/a a sentir-se melhor.

Fontes:

Ordem dos Psicólogos Portugueses. (n.d.). Fact sheet: Luto. https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/factsheet_luto.pdf

Serviço Nacional de Saúde. (n.d.). Luto. https://saudemental.min-saude.pt/luto/

Ana Sofia Santos

#luto #saúdemental

Qual o tratamento para Luto Complicado?

Qual o tratamento para Luto Complicado?

A Psicoterapia pode ajudar, sendo o apoio no luto é dividido em três níveis, consoante o tempo passado desde a perda e a sintomatologia apresentada pela pessoa (Brito, 2021):

  • Nos primeiros meses após a perda, o apoio prestado deve ser maioritariamente de familiares e amigos, devendo os profissionais de saúde apenas disponibilizar informação relativamente ao processo de luto e sobre os apoios que estão disponíveis. Isto porque, como mencionado anteriormente, o luto é um processo que é natural e que deve ser vivido para integrar a perda.
  • Num segundo nível o apoio deve ser dirigido a pessoas em risco de desenvolver um luto complicado; neste caso, as pessoas podem beneficiar de apoio psicológico, nomeadamente grupos de apoio ou de autoajuda;
  • Por fim, o terceiro nível é destinado a pessoas com necessidades complexas, já com uma perturbação de complicado persistente instalada e que, por isso, precisam de apoio psicológico e psiquiátrico diferenciado.

Um profissional de saúde mental pode ajudá-lo a entender melhor como funciona o processo de luto, a lidar com a dor da perda, a integrar a sua perda e a recuperar a sua vida (Ordem dos Psicólogos Portugueses, n.d.).

Tratamento farmacológico com recurso a antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores de humor também são úteis (Neto & Baptista, 2019), uma vez que ajudam no reequilíbrio do seu corpo e mente. Estes medicamentos devem ser sempre prescritos pelo seu médico.

Porque integrar a perda não é esquecer a pessoa perdida ou esquecer o que se viveu…

Fontes:

Brito, M. (2021). Estado da arte da intervenção psicológica no luto no século XXI. In S. Gabriel, M. Paulino, & T. M. Baptista, Luto: Manual de Intervenção Psicológica (pp. 3-19). Pactor.

Neto, D. D., & Baptista, T. M. (2019). Psicoterapias cognitivo-comportamentais – Volume 1 – Intervenções clínicas. Edições Sílabo.

Ordem dos Psicólogos Portugueses. (n.d.). Fact sheet: Luto. https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/factsheet_luto.pdf

Ana Sofia Santos

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Quais as manifestações de um Luto Complicado?

Quais as manifestações de um Luto Complicado?

Algumas manifestações podem ser sinais de alerta para um possível caso de luto complicado, principalmente após 12 meses desde a perda (American Psychiatric Association, 2013; Gabriel et al., 2021):

  • Manifestações de tristeza e de saudade persistentes;
  • Preocupação com a pessoa perdida e, em caso de morte, com as circunstâncias desta;
  • Dificuldade em aceitar a perda;
  • Incapacidade de chorar com sensação de anestesia emocional;
  • Amargura, ressentimento ou raiva relativamente à perda;
  • Evitamento de memórias relacionadas com a pessoa perdida;
  • Guardar os pertences da pessoa perdida de forma rígida ou, pelo contrário, desfazer-se de tudo;
  • Comportamentos autodestrutivos como comportamentos autolesivos, álcool ou drogas;
  • Desejo de morrer para conseguir estar com a pessoa falecida;
  • Sentir-se sem esperança, que a vida não tem sentido, que não consegue funcionar nem continuar a sua vida sem a pessoa perdida;
  • Negação dos aspetos difíceis da pessoa ou da relação, havendo uma idealização de perfeição;
  • Culpa e autorresponsabilização acerca da causa da morte ou falhas que considera terem contribuído para a perda da pessoa querida;
  • Dificuldade em investir nos seus projetos de vida e interesses pessoais;
  • Desconfiança e negação de apoio de outras pessoas, justificadas por “autossuficiência”;
  • Memórias focadas estritamente no processo de doença ou morte, sem conseguir evocar memórias de momentos relacionais prévios à perda;
  • Dificuldade em percecionar a irreversibilidade da perda, com expectativas frequentes de reencontro.

Fontes:

American Psychiatric Association. (2013). Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais (5ª ed.). Climepsi.

Gabriel, S., Paulino, M., & Baptista, T. M. (2021). Luto: Manual de Intervenção Psicológica. Pactor.

Ana Sofia Santos

#luto #saúdemental

E quando o luto se torna complicado?

E quando o luto se torna complicado?

O luto também pode tornar-se patológico, tomando o nome de Luto Complicado. Tal acontece quando a pessoa, com o passar do tempo, continua com dificuldades em aceitar a perda e isso começa a interferir no seu funcionamento global (Carqueja, 2017).

Os fatores que nos permitem de certa forma distinguir um processo de luto normal de um processo de luto patológico ou não normativo são a intensidade e a duração dos sentimentos e comportamentos ou a incapacidade de demonstrar qualquer reação relacionada com o luto, considerando outros determinantes sociais e pessoais, como por exemplo, a cultura (ou seja, as práticas de luto características da respetiva cultura) e a personalidade da pessoa (se exprime mais as suas emoções ou se, pelo contrário, as contém) (Barreto & Soler, 2007; Carqueja, 2017). Nestes casos, o luto pode ser (Gabriel et al., 2021):

  • Luto crónico: a pessoa não consegue integrar a perda e o processo de luto mantém-se estático no tempo;
  • Luto inibido: a pessoa suprime as manifestações de luto, simplesmente não realizando o processo de luto; nestes casos, normalmente, a pessoa manifesta pensamentos intrusivos, sintomatologia física, tensão emocional e física e evita falar da pessoa ou da perda;
  • Luto traumático: resultante de perdas súbitas, violentas, inesperadas, “contranatura”, entre outras, como são o caso de perder alguém, por exemplo, por homicídio, suicídio ou perder um filho.

Fontes:

Barreto, P., & Soler, C. (2007). Muerte y duelo. Síntesis.

Carqueja, E. (2017). Luto: Um processo dinâmico. In H. Salazar (Coord.), Intervenção Psicológica em Cuidados Paliativos (pp. 57-88). Pactor.

Gabriel, S., Paulino, M., & Baptista, T. M. (2021). Luto: Manual de Intervenção Psicológica. Pactor.

Ana Sofia Santos

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Como ocorre o processo de luto?

Como ocorre o processo de luto?

Existem vários modelos teóricos que procuram explicar o processo de Luto.

Um dos modelos mais conhecidos é o de Kessler e Kübler-Ross (2007) que define que o Luto ocorre em 5 fases:

  1. Negação
  2. Raiva
  3. Negociação
  4. Depressão
  5. Aceitação.

Outro autor defende que o processo de Luto ocorre por tarefas em que a pessoa assume uma parte ativa no processo (Worden, 2013). Este modelo define que estas tarefas não precisam necessariamente de ser realizadas numa ordem rígida e sequencial e podem até ser revisitadas várias vezes ao longo do processo. As tarefas definidas por Worden (2013) são as seguintes:

  1. Aceitar a realidade da perda;
  2. Trabalhar as emoções e a dor da perda;
  3. Adaptar-se a um ambiente em que o falecido está ausente.
  4. Recolocar emocionalmente o falecido e prosseguir com a vida.

O luto é uma caminhada que tem de ser feita. Cada pessoa leva o seu tempo e experiência o processo à sua maneira.

Fontes:

Kessler, D., & Kübler-Ross, E. (2007). The five stages of grief. In D. Kessler, & E. Kübler-Ross (Eds.), On grief and grieving: Finding the meaning of grief through the five stages of loss (pp. 7-28). Scribner.

Worden, J. (2013). El tratamiento del duelo: Asesoramiento psicológico y terapia (4ª ed.). Paidós.

Ana Sofia Santos

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Sabe o que é o luto? Nós explicamos…

Sabe o que é o luto? Nós explicamos…

O luto pode ser definido como um conjunto de reações emocionais, físicas, comportamentais, sociais e espirituais que surgem quando nos deparamos com uma perda, seja de uma pessoa, de uma coisa, de um valor ou de uma oportunidade (Parkes, 1998). Assim, o luto é um processo necessário para que a pessoa consiga ultrapassar a perda e adaptar-se à nova realidade (Worden, 2013).

Mas o luto não se faz apenas quando morre alguém querido…

O processo de luto também tem de ser feito quando (Ordem dos Psicólogos Portugueses, n.d.):

– Perdemos um animal de estimação muito querido por nós;

– Uma relação acaba (e.g., divórcio);

– Não conseguimos cumprir um sonho/objetivo de vida (e.g., ser mãe);

– Perdemos um emprego de que gostávamos muito;

– Temos uma doença grave e/ou incapacitante;

– Entre outros.

Em suma, é necessário fazer-se um processo de luto perante a perda de qualquer pessoa ou coisa com a qual a pessoa tenha construído um vínculo afetivo forte (Payás et al., 1998).

Fontes:

Ordem dos Psicólogos Portugueses. (n.d.). Fact sheet: Luto. https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/factsheet_luto.pdf

Parkes, C. (1998). Bereavement. In D. Doyle, G. W. Hanks, & N. Macdonald (Eds.), Oxford textbook of palliative medicine (2nd ed., pp. 995-1010). Oxford University Press.

Payás, A., Griffin, R., Phillips, J., & Camio, L. (1998). Ponencia II Congresso Nacional de la Sociedade de Cuidados Paliativos (SECPAL) (pp. 281-286). Santander.

Worden, J. (2013). El tratamiento del duelo: Asesoramiento psicológico y terapia (4ª ed.). Paidós.

Ana Sofia Santos

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